O Romance com Deus é um livro de palestras de Paramahansa Yogananda, cuja própria vida foi um contínuo romance com o Divino. É, portanto, um livro sobre o amor que Deus tem por cada uma das almas que Ele criou e sobre como nós, almas encarnadas, podemos experimentar Sua amorosa presença na vida diária. A mensagem do autor possui apelo universal, pois qual o ser humano que nunca ansiou pelo amor perfeito? O amor que não diminui nem com o tempo, nem com a velhice, nem com a morte?
Certamente, todos já desejaram experimentar a satisfação duradoura e a perfeição de um relacionamento assim, mas a questão tem sido sempre: “Será realmente possível?” Paramahansa Yogananda corajosamente declara que sim, é possível. Por sua vida exemplar e seus ensinamentos, ele prova que a plenitude interior e o amor que buscamos existem sim e podem ser alcançados – em Deus. “O maior amor que se pode experimentar é a comunhão com Deus”, declara, na palestra inicial de O Romance com Deus. “O amor entre a alma e o Espírito é o amor perfeito, que todos buscam.” Paramahansaji não fala apenas a partir da teoria ou da teologia; suas palavras fluem da experiência do amor e da sabedoria de Deus, numa abordagem pragmática e inspiradora, de modo que “os que têm ouvidos para ouvir” também podem descobrir, na vida, a Presença Divina que a todos satisfaz. Sua sabedoria não é um elaborado estudo acadêmico; é o testemunho de uma personalidade espiritual dinâmica, cuja vida foi repleta de alegria interior e realizações exteriores; um instrutor mundial que viveu o que pregou, um Premavatar (encarnação do amor) cujo exclusivo desejo era o de compartilhar a sabedoria e o amor divino com todos.
Paramahansa Yogananda nasceu em Gorakhpur, na Índia, em 5 de janeiro de 1893. Sua extraordinária infância indicava claramente que a vida dele estava assinalada para um destino divino. Sua mãe, reconhecendo isso, incentivou os nobres ideais e as aspirações espirituais do filho. Aos onze anos de idade Paramahansaji perdeu a mãe, a quem amava mais do que tudo no mundo. Este fato consolidou sua resolução de encontrar Deus e de receber, do próprio Criador, o amor divino pelo qual todo coração humano anseia.
Yoganandaji logo se tornou discípulo de um membro da linhagem de excelsos gurus, à qual estava ligado desde o nascimento: o grande Jnanavatar (encarnação da sabedoria) Swami Sri Yukteswar Giri. Os pais de Sri Yogananda eram discípulos de Lahiri Mahasaya, guru de Sri Yukteswar. Quando Paramahansaji ainda era bebê, no colo da mãe, Lahiri Mahasaya o abençoou e previu: “Mãezinha, seu filho será iogue. Como uma locomotiva espiritual, levará muitas almas ao reino de Deus.” Lahiri Mahasaya era discípulo de Mahavatar Babaji, o mestre imortal que reavivou, nesta era, a antiga ciência de Kriya Yoga.Louvada por Krishna na Bhagavad Gita e por Patânjali nos Yoga Sutras, a Kriya Yoga é uma técnica transcendente de meditação e uma arte de viver, que leva à união da alma com Deus. Mahavatar Babaji revelou a sagrada Kriya a Lahiri Mahasaya, que a transmitiu a Sri Yukteswar, que por sua vez a ensinou a Paramahansa Yogananda.
Em 1920, quando Yogananda foi considerado pronto para iniciar a missão de difundir ao mundo a ciência iogue de libertação da alma, Mahavatar Babaji falou-lhe sobre a sagrada responsabilidade que ele teria pela frente: “Foi você quem eu escolhi para difundir a mensagem da Kriya Yoga no Ocidente. Há muito tempo encontrei seu guru Yukteswar num Kumbha Mela e lhe disse então que enviaria você para ser treinado por ele. A Kriya Yoga, a técnica científica de realização divina, terminará por difundir-se em todas as terras e ajudará a harmonizar as nações por meio da percepção pessoal e transcendental que o ser humano terá do Pai Infinito.”
Paramahansa Yogananda iniciou sua missão nos Estados Unidos como delegado no Congresso Internacional de Liberais Religiosos que se realizou em Boston em 1920. Durante mais de uma década, viajou por toda a extensão do continente norte-americano, falando quase que diariamente para auditórios lotados, nas principais cidades.
Em 23 de janeiro de 1924, o jornal Los Angeles Times noticiou: “O Philharmonic Auditorium apresenta o extraordinário espetáculo de milhares (…) sendo informados uma hora antes da conferência de que não poderiam entrar, já que o auditório de 3.000 lugares estava completamente lotado. Swami Yogananda é a atração. Um hindu invadindo os Estados Unidos para trazer Deus (…), pregando a essência da doutrina cristã.” Foi uma grande revelação para o Ocidente saber que a Yoga – exposta de modo tão eloquente e interpretada tão claramente por Sri Yogananda – é uma ciência universal e, como tal, a verdadeira “essência” de todas as religiões verdadeiras.
Em 1925, em Los Angeles, Paramahansa Yogananda fundou a sede central internacional da Self-Realization Fellowship, associação por ele fundada em 1917 em seu país natal sob o nome de Yogoda Satsanga Society of India. Da sede internacional, os ensinamentos do Guru são enviados para o mundo todo, e também os numerosos livros que escreveu e as Lições da Self-Realization Fellowship sobre a ciência de meditação Kriya Yoga e a arte da vida espiritual. A obra do Guru é dirigida e continuada por membros da Ordem Monástica da Self-Realization Fellowship, que Paramahansaji fundou para treinar aqueles que levam sua obra adiante e preservam a integridade dela.
No início da década de 1930, Paramahansaji foi gradualmente diminuindo o número de conferências públicas. “Não estou interessado em multidões”, disse, “e sim em almas que desejam sinceramente conhecer a Deus.” Passou a concentrar seus esforços em palestras e aulas para quem se interessava profundamente pela busca divina; na maioria das vezes, falava na sede central e nos templos da própria Self-Realization Fellowship.
Várias vezes Paramahansa Yogananda fez esta predição: “Não morrerei no leito, mas de pé, falando de Deus e da Índia”. Em 7 de março de 1952, a profecia se realizou: em um banquete em homenagem a B. R. Sen, embaixador da Índia, Paramahansaji foi orador convidado. Pronunciou um discurso emocionante, concluindo com estas palavras do seu poema “My India” (“Minha Índia”): “Onde o Ganges, as florestas, as cavernas do Himalaia e os homens sonham Deus – santificado estou; meu corpo tocou esse solo!” Então, levantando os olhos, entrou em mahasamadhi, a saída consciente do corpo físico feita por iogues adiantados. Ele morreu como vivera, exortando todos a conhecer Deus.
O grande empenho do Guru enquanto viveu, no sentido de despertar as almas para a Verdade única que é inerente a todas as religiões e a toda a vida, e sua singular contribuição para promover a causa da harmonia e da compreensão entre Oriente e Ocidente, receberam reconhecimento formal do governo indiano em 7 de março de 1977, no vigésimo quinto aniversário da morte do Mestre. Nessa data, a Índia lançou um selo comemorativo, homenageando o Guru com as seguintes palavras: “Os ideais do amor por Deus e de serviço à humanidade manifestaram-se plenamente na vida de Paramahansa Yogananda. (…) Embora tenha passado fora da Índia a maior parte de sua vida, seu lugar é entre os nossos grandes santos. Sua obra continua a crescer e a luzir cada vez mais, levando pessoas de todos os recantos para o caminho da peregrinação em busca do Espírito.”
Para quem tinha ligação pessoal com Paramahansa Yogananda, ficava claro que sua grandeza não se limitava à imensa sabedoria dos ensinamentos que transmitia; abrangia também o profundo amor e a solidária compreensão que emanavam do seu ser. Uma doçura inexprimível marcava cada palavra, olhar e gesto seu, e sabia-se, além de qualquer dúvida, que o seu amor não impunha limites nem condições. Era óbvio que fraquezas e defeitos pessoais não importavam a seus olhos, pois ele via, em cada alma, apenas um reflexo puro de Deus.
Embora o tempo e o espaço hoje impeçam nossa participação pessoal nas palestras de Paramahansa Yogananda, podemos receber a bênção de ler e absorver suas palavras, agradecendo a Sri Daya Mata, terceira presidente da Self-Realization Fellowship, por esta oportunidade. Nos primeiros anos de ministério, as palavras de Paramahansa Yogananda foram registradas apenas esporadicamente. Entretanto, em 1931, ao tornar-se sua discípula, Daya Mata assumiu a tarefa sagrada de registrar fielmente todas as aulas e conferências do Guru para as gerações vindouras. “Sentindo o poder transfigurador de suas palavras em minha vida,” ela escreveu, “nasceu em mim, naqueles primeiros dias em companhia de Paramahansaji, o sentimento da urgente necessidade de preservar sua mensagem para o mundo e para todos os tempos.” Assim, é graças aos dedicados esforços e à previdência de Sri Daya Mata que este livro de palestras, O Romance com Deus, é publicado, em sequência ao primeiro volume de palestras, A Eterna Busca do Homem.
Os textos que compõem este volume são, basicamente, conferências e aulas realizadas nos templos da Self-Realization Fellowship e na sede central, em Los Angeles. Alguns textos são de encontros informais ou satsangas com pequenos grupos de discípulos, ou de serviços de meditação nos quais o Guru entrava em comunhão extasiada com Deus, permitindo a todos os presentes um vislumbre do bem-aventurado romance divino. Alguns escritos inspiradores também estão incluídos aqui. Paramahansaji foi um autor muito produtivo: muitas vezes ele usava o tempo livre para compor um novo cântico de amor a Deus, ou para escrever um artigo que pudesse ajudar as pessoas a compreender certo aspecto da verdade.
O Romance com Deus é o segundo volume da série de palestras e conferências de Paramahansa Yogananda. Que este volume também represente o que o primeiro volume representou para incontáveis leitores: um raio de luz divina no caminho espiritual, trazendo inspiração, orientação e novo sentido à vida. “O romance mais sublime é com o Infinito”, disse Paramahansaji. “Você não faz ideia de como a vida pode ser bela. Quando repentinamente você descobre Deus em toda a parte, quando Ele vem, fala com você e o guia, o romance de amor divino começou.”
Trecho extraído da Introdução do livro O Romance com Deus, de Paramahansa Yogananda, assinado pela Self-Realization Fellowship