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Em 7 de março de 1952, após declamar o poema “Minha Índia”, Paramahansa Yogananda, autor de Autobiografia de um Iogue entrou em Mahasamadhi (a derradeira vez que um iogue abandona conscientemente seu corpo), em Los Angeles, EUA, durante um banquete em homenagem a Binay R. Sen, embaixador da Índia.

Yogananda já havia informado aos seus discípulos mais próximos que a hora de deixar o corpo estava próxima. Sri Daya Mata – que assumiria a presidência da Self-Realization Fellowship alguns anos depois – perguntou a ele como poderia dar continuidade à obra sem sua presença física. O mestre indiano respondeu: “Lembre-se disto: quando eu me for, só o amor poderá ocupar meu lugar. Embriague-se dia e noite com o amor de Deus e ofereça esse amor a todos.”

Poema “Minha Índia”

*Por Paramahansa Yogananda

Não onde se evola o almiscar da fortuna,

Nem onde jamais andaram a escuridão e o medo;

Nem nas mansões de perpétuos sorrisos,

Nem no céu de uma terra florescente eu nasceria,

Se uma vez mais tivesse de tomar as vestes mortais;

Mesmo que a temível fome rondasse e me lacerasse a carne,

Mesmo assim gostaria de voltar ao meu Hindustão.

Em hordas rapinantes,

Poderiam as doenças tentar arrebatar a fugaz saúde do corpo

E nuvens fatídicas despejar gotas cadentes de tristeza,

Ainda assim, lá na Índia gostaria de renascer.

É este amor um cego sentimento alheio aos ditames do bom-senso?

Ah, não! Amo a Índia!

Pois foi lá que, primeiro, aprendi a amar a Deus e a todas as coisas belas.

Alguns ensinam a agarrar a vida

– efêmera gota de orvalho a resvelar na folha de lótus do tempo;

Constroem-se obstinadas esperanças em torno da dourada e frágil gota corpórea.

Mas a Índia me ensinou a amar a alma da imortal beleza do orvalho e da gota

Não suas débeis molduras.

Seus sábios me ensinaram a encontrar meu Ser,

Sepultado nas acumuladas cinzas de encarnações imersas na ignorância.

Cruzando muitas terras poderosas, terras de abundância e conhecimento,

Minha alma, às vezes assumindo vestes orientais, às vezes ocidentais

Empreendeu longas e distantes jornadas em busca de si mesma

Para, afinal, encontrar-se na Índia.

Mesmo que fogos mortais devastassem suas casas e seus dourados arrozais,

Para dormir sobre suas cinzas e sonhar com a imortalidade,

Oh Índia! Aí hei de estar.

As armas da ciência e da matéria estrugiram em suas praias,

No entanto, ela é indômita.

Eternamente livre é sua alma!

Seus santos soldados se vão

A dispersar, com o raio da realização,

Os bandoleiros do ódio, do preconceito e do egoísmo patriótico;

Vão incendiar as negras muralhas que separam os filhos do Uno, o Pai Imutável.

Com o poder material, os irmãos ocidentais conquistaram minha terra;

Soprai, soprai alto todas as suas trompas!

Agora a Índia os invade com amor, para lhes conquistar as almas.

Mais do que o céu ou a Arcádia eu te amo, oh minha Índia!

E darei o teu amor a toda nação irmã existente.

Deus criou a terra;

O homem criou os países confinantes e suas imaginárias e frias fronteiras.

Mas com o insólito e ilimitado amor

Vejo as fronteiras de minha índia se expandirem no mundo.

Salve Mãe das religiões, dos lótus, das formosas paisagens e dos sábios!

Teus amplos portais estão abertos

Para saudar os reais filhos de Deus e de todas as eras.

Onde o Ganges, as florestas, as cavernas do Himalaia e os homens sonham com Deus

Sou abençoado, meu corpo tocou esse solo.

Entendendo que a morte nada mais do que uma passagem de regresso ao nosso verdadeiro lar, copiamos o poema “Estou voando para casa”, de Paramahansa Yogananda, e que nos faz lembrar da grandeza desse Mestre com muita gratidão!

Estou voando pra casa

“Adeus, morada azul do céu. Adeus, estrelas e celebridades celestes, com seus dramas na tela do espaço. Adeus, flores, com suas armadilhas de beleza e fragrância. Vocês já não me podem deter. Estou voando para Casa.

Adeus ao tépido abraço do sol. Adeus, brisa fresca, suavizante e confortadora. Adeus, encantadora música dos homens.

Permaneci longo tempo divertindo-me com todos vocês, dançando com meus pensamentos de trajes variados, bebendo o vinho de meus sentimentos  e  de minha vontade  mundana. Agora, abandonei a embriaguez da ilusão.

Adeus, músculos, ossos e movimentos cor- porais. Adeus, respiração. Eu a expulso de meu peito. Adeus, batimentos  cardíacos, emoções, pensamentos e memórias. Estou voando para Casa, no aeroplano do silêncio. Vou, para em Deus sentir o pulsar de meu coração.

Pairando no aeroplano da consciência – acima, abaixo, à esquerda,  à direita,  dentro e fora, em toda parte – descubro que, em cada recanto de meu lar espacial, estou sempre na sagrada presença de meu Pai.”

*extraído do livro Meditações Metafísicas

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Fonte: Autobiografia de um Iogue

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