Lahiri Mahasaya foi discípulo direto de Babaji, é um dos mestres da linhagem de Paramahansa Yogananda e está entre os principais difusores da ciência da Kriya-Yoga. A linhagem completa de mestres da Self-Realization Fellowship, organização espiritual fundada por Yogananda para disseminar a milenar técnica da Kriya-Yoga em todo o mundo, inclui também: Jesus Cristo, Bhagavan Krishna, Mahavatar Babaji e Swami Sri Yukteswar. Em sua Autobiografia de um Iogue, Paramahansa Yogananda narra a vida desse querido mestre. Confira.
Sobre Lahiri Mahasaya
Lahiri Mahasaya nasceu em 30 de setembro de 1828, numa piedosa família de brâmanes de antiga linhagem. Sua terra natal foi o vilarejo de Ghurni, no distrito de Nadia, perto de Krishnanagar, em Bengala. Ele era filho único de Muktakashi, segunda mulher do estimado Gaur Mohan Lahiri (cuja primeira mulher, que teve três filhos, morreu durante uma peregrinação). A mãe de Lahiri faleceu quando ele era menino. Temos pouca in formação sobre ela, exceto um fato revelador: era ardente devota do Senhor Shiva, designado nas Escrituras como “Rei dos Iogues”. O menino, cujo nome completo era Shyama Charan Lahiri, passou a primeira infância em seu lar ancestral de Ghurni. Com a idade de três ou quatro anos ele era visto frequentemente sentado em determinada postura iogue, sob a areia, seu corpo inteiramente oculto, menos a cabeça. A propriedade da família foi destruída no inverno de 1833, quando o vizinho rio Jalangi mudou de curso e desapareceu nas profundezas do Ganges. Um dos templos a Shiva, fundado pela família Lahiri, desapareceu no rio junto com a residência. Gaur Mohan Lahiri e sua família saíram de Ghurni e estabeleceram residência em Benares, onde o pai construiu imediatamente um templo para Shiva. Em Benares, o menino Lahiri recebeu aulas de hindi e urdu com alguns companheiros. Frequentou uma escola dirigida por Joy Narayan Ghosal, recebendo instrução em sânscrito, bengali, francês e inglês. Dedicando-se ao estudo rigoroso dos Vedas. O jovem Shyama Charan, por sua bondade, delicadeza e coragem, era querido por seus companheiros. Com físico bem proporcionado, saudável e forte, sobressaiu-se em natação e em muitas proezas de habilidade manual. Em 1846, Shyama Charan Lahiri casou-se com Srimati Kashi Moni. Aos 23 anos, em 1851, Lahiri Mahasaya assumiu o posto de contador no Departamento de Engenharia Militar do governo britânico. Recebeu muitas promoções durante seu tempo de serviço. Assim, não foi apenas um mestre aos olhos de Deus, mas também um homem bem-sucedido no pequeno drama humano, no qual desempenhou o humilde papel de trabalhador no mundo. Depois da morte do seu pai, o jovem assumiu responsabilidade por todos os membros de sua família. Comprou-lhes uma casa num subúrbio afastado de Benares, em Garudeswar Mohulla. Aos 33 anos, Lahiri Mahasaya viu cumprir-se o desígnio para o qual reencarnara na Terra. Ele encontrou seu grande guru, Babaji, perto de Ranikhet, no Himalaia, e foi por ele iniciado em Kriya Yoga. Este não foi um acontecimento auspicioso apenas para Lahiri Mahasaya. Foi um momento feliz para toda a raça humana. Perdida, ou por longo tempo desaparecida, a mais elevada arte da yoga foi novamente trazida à luz. Segundo os lendários Puranas, o Ganges desceu do céu à terra para oferecer um gole divino ao sedento devoto Bhagirath; assim também, em 1861, o rio celestial da Kriya Yoga começou a fluir das secretas fortalezas do Himalaia para as ressequidas moradas dos homens.
Pouco depois de seu casamento, meus pais tornaram-se discípulos do grande mestre Lahiri Mahasaya, de Benares. Lahiri Mahasaya deixou este mundo pouco depois de eu nele haver entrado. Seu retrato, em moldura ornamentada, sempre honrou o altar de nossa família nas várias cidades para onde meu pai era transferido pelo escritório. Muitas manhãs e noites nos encontraram, à minha mãe e a mim, em meditação ante o improvisado altar, oferecendo flores aromatizadas com pasta de sândalo. Juntando incenso e mirra às nossas devoções, honrávamos a Divindade que se manifestara plenamente em Lahiri Mahasaya. Sua fotografia teve influência extraordinária em minha vida. À medida que eu crescia, o pensamento focalizado no mestre crescia comigo. Em meditação, via com frequência sua imagem fotográfica destacar-se da pequena moldura e, assumindo forma vivente, sentar-se diante de mim. Quando tentava tocar os pés de seu corpo luminoso, ele voltava a se transformar em fotografia. Com o passar da infância para a adolescência, Lahiri Mahasaya deixou de ser em minha mente uma pequena imagem emoldurada, passando a ser presença viva e iluminadora. Eu frequentemente orava para ele nos momentos de provação ou confusão, encontrando em meu interior sua orientação confortadora. No início, sofria por ele não mais estar fisicamente vivo. Quando comecei a descobrir sua secreta onipresença, não me lamentei mais. Ele muitas vezes escrevia aos discípulos demasiadamente ansiosos em visitá-lo: “Por que vir me contemplar em carne e osso, quando estou sempre dentro do raio de visão de seu kutastha (olho espiritual)?” Aos oito anos de idade aproximadamente, fui abençoado com uma cura maravilhosa graças ao retrato de Lahiri Mahasaya. Essa experiência intensificou meu amor. Quando estávamos na propriedade familiar de Ichapur, em Bengala, contraí o cólera asiático. Fui desenganado pelos médicos, que nada podiam fazer. À minha cabeceira, mamãe incitava-me freneticamente a olhar para a fotografia de Lahiri Mahasaya presa à parede, acima de minha cabeça.
– Curve-se diante dele mentalmente! – Ela sabia que eu estava fraco demais, até para erguer as mãos em saudação. – Se realmente mostrar sua devoção e se ajoelhar interiormente diante dele, sua vida será poupada! Olhei fixamente a fotografia e vi uma luz cegante, que envolvia meu corpo e o quarto inteiro. O enjoo e outros sintomas incontroláveis desapareceram; eu estava curado. Imediatamente senti força suficiente para inclinar-me e tocar os pés de minha mãe, em gesto de reconhecimento por sua fé incomensurável no guru. Minha mãe comprimiu a cabeça várias vezes contra o pequeno retrato: – Ó Mestre Onipresente, agradeço-te por tua luz ter curado meu filho! Compreendi que ela também havia presenciado o resplendor luminoso que tinha me recuperado instantaneamente de uma doença quase sempre fatal. Um de meus bens mais preciosos é essa mesma fotografia. Dada a meu pai pelo próprio Lahiri Mahasaya, ela irradia uma santa vibração.
Em outro trecho do livro, Yogananda descreve a profecia de Lahiri contada por sua mãe
“Naquela época, levei-o no colo à casa de meu guru em Benares. Eu mal podia ver Lahiri Mahasaya, sentado em meditação profunda, quase escondido atrás de uma multidão de discípulos. “Enquanto o acalentava, eu orava para que o grande guru nos percebesse e abençoasse. À medida que meu silencioso pedido devocional crescia em intensidade, ele entreabriu os olhos e fez sinal para que me aproximasse. Os outros abriram caminho; curvei-me diante dos pés sagrados. Lahiri Mahasaya colocou você no colo dele, pousando a mão em sua fronte, à guisa de batismo espiritual. “– Mãezinha, teu filho será um iogue. Como uma locomotiva espiritual, levará muitas almas ao reino de Deus.
Excertos retirados do livro de Paramahansa Yogananda Autobiografia de um Iogue, confira o livro aqui.