O jejum é uma prática muito antiga, que acompanha o homem há pelo menos oito mil anos, com finalidades terapêuticas e também espirituais. A ciência referenda atualmente sua prática e alguns centros médicos até oferecem acompanhamento para sua realização.

Vamos ver aqui sete grandes benefícios da prática do jejum, que pode mudar nossas vidas!

1. O jejum desintoxica o corpo

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No processo de jejum por períodos determinados, oferecemos ao corpo um tempo para que ele possa se limpar. É no “fechar para balanço” que ele tem energia disponível para eliminar as toxinas que lhe são impostas no cotidiano. Esse já é um processo natural do nosso organismo: todos os dias, das 6h às 10h, o organismo coloca como prioridade a eliminação de impurezas, motivo pelo qual pessoas com boa saúde digestiva evacuam todos os dias ainda na parte da manhã e talvez em outros momentos do dia também. Mas essas quatro horas são preciosas para o organismo, às quais não damos tanta atenção: logo cedo, um brasileiro comum já consome nesse período um pão branco com manteiga e um leite com chocolate ou um café, outros recheiam o pão com mortadela e queijo e até bacon, alimentos altamente intoxicantes. O ideal é mesmo observar o jejum e, quando surgir a fome, então se alimentar com frutas até a refeição mais forte no meio do dia, quando nosso metabolismo está mais elevado.

Um jejum de 24 horas – que pode ser com água – possibilita que o organismo realmente faça uma faxina. Assim, um dia inteiro de jejum, uma vez na semana, pode dar ao corpo um tempo para sua própria manutenção com muito mais profundidade, tornando-o mais saudável, disposto e rejuvenescido.

2. Pode curar enfermidades

É muito comum vermos na natureza que animais jejuam quando não estão bem, pois muitas vezes, o próprio corpo elimina o apetite. Existe uma razão para isso: ele precisa de espaço para resolver um problema e o alimento dispersará sua energia (é comum um gasto de mais de 50% da energia adquirida através do alimento na sua própria metabolização) ou até mesmo agravará o mal estar ou a doença. É sabido que o jejum diminui o risco de problemas cardiovasculares, pois ajuda na limpeza da gordura depositada no interior dos vasos sanguíneos. O jejum também reequilibra os níveis de insulina, melhorando inclusive a sensibilidade das células à sua ação. Ele também diminui processos inflamatórios, reduz a pressão arterial, pode ajudar em quadros de epilepsia e até câncer. Esses são só alguns exemplos, pois há uma infinidade de benefícios.

Um organismo que está constantemente sendo bombardeado por elementos que não são de sua natureza ou com excessos de nutrientes torna-se cansado e sua falta de vitalidade interfere em seu sistema de defesa, sua imunidade. Por exemplo, hoje a ciência admite que 80% das doenças humanas deriva do consumo de produtos de origem animal. Isso é uma evidência muito forte de que esses alimentos trazem desordem e prejudicam o funcionamento do nosso corpo. Ele é versátil, mas operar sob constante situação de sobrecarga diminui até mesmo suas habilidades de transmutar aquilo que ameaça seu equilíbrio. Ao jejuar, estaremos desintoxicando, permitindo que o organismo trabalhe com mais eficiência, oferecendo mais condições de resposta. O jejum é um pit stop para o corpo, para que ele possa organizar até mesmo a estrutura genética.

3. Desenvolve autodomínio

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Ocorre que, para jejuar, é importante manter o corpo em uma boa forma, pois o corpo demasiadamente intoxicado traz efeitos desconfortáveis no jejum. O que existe no sistema digestório, especialmente nos intestinos, terá contato com o sangue. Um elevado nível de toxicidade correndo pelo trato digestivo pode acarretar em uma pequena intoxicação, ocasionando dores de cabeça, cansaço, náuseas, calafrios, tremores nos membros e até febre. Mas não precisa ser sempre assim, por isso é recomendado que o jejum ocasional seja acompanhado de uma boa alimentação: ou seja, antes de iniciar a prática do jejum, é necessário mudar o padrão alimentar intoxicante para um padrão mais saudável, para que as reações ao jejum não sejam muito intensas.

Isso desenvolve um fortalecimento na autodeterminação, pois a pessoa passará a se abster de coisas que proporcionavam prazer ao paladar. Essas pequenas mudanças e a força desenvolvida para mantê-las, permitem que o esforço para transpor os desejos e os padrões autossabotadores sejam mais leves, não tão desafiantes, o que talvez não seja uma realidade para os que não cuidam de sua alimentação. Esses desejos geralmente surgem durante o jejum com uma boa justificativa que tende a fazê-lo interromper aquilo a que se determinou.

Essa postura de manter uma firme determinação, promove uma grande força de vontade, uma autoconfiança, e essa habilidade também poderá ser transposta para outros setores de nossa vida. Depois de manter a disciplina do jejum, não caímos em tentações tão facilmente, seja em matéria de alimentação ou outros desafios.


pessoa-disposta4. Traz disciplina à vida

Se é nossa vontade é oferecer ao corpo a possibilidade de um melhor desempenho e mais vitalidade por meio do jejum, temos que ter como cuidado uma boa alimentação. Assim é importante estarmos cientes de que qualquer produto de origem animal é um estorvo para nossa saúde. As carnes de todas as espécies geram grande quantidade de toxinas no seu processo de putrefação ‒ isso começa a acontecer no momento que o animal morre, diferente das verduras, por exemplo. Seja um camarão ou a carne de um “frango orgânico”, no momento que morrem, fungos e bactérias já começam seu trabalho de decompor aquela matéria. Em alguns dias, os tecidos estarão podres e fétidos. Então, para a comercialização desses produtos, são adicionados outros elementos tão tóxicos para o nosso organismo quanto a matéria putrefata, mas agora não vai cheirar mal! E o que dizer dos ovos e do leite? Nosso corpo não foi preparado para digeri-los. O leite, por exemplo, tem lactose, que, ao ser metabolizada, torna-se um açúcar chamado galactose, que afeta o pâncreas. Nosso corpo, como o de qualquer mamífero, produz uma enzima chamada lactase, que quebra a lactose, mas só até os quatro anos de idade, a idade máxima para amamentação. Com o hábito do consumo do leite, seguimos nos deliciando com a secreção mamária de uma outra espécie que consideramos inferior à nossa. Além disso, o leite (e seus derivados) tem caseína e uma elevada taxa de gordura, entra em nosso corpo e o coloca em um estado de inflamação generalizada. Assim, nos enchemos de toxinas.

Portanto, a observação de uma dieta com elementos que estejam de acordo com nossa natureza nos fará mais disciplinados, a própria dieta tornar-se-á uma disciplina que estaremos praticando todos os dias, exceto no dia do nosso jejum. E, quando ele vier, estaremos fortes para mantê-lo e disciplinados para deixá-lo. Sim, até mais importante que a preparação para o jejum é a forma de quebrá-lo, é importante que todo o processo seja gentil, especialmente quando o corpo está trabalhando com um metabolismo mais lento.

5. Traz clareza mentalpessoa-meditando

Temos um segundo cérebro, nosso intestino. A informação que colocamos nele, processamos também no cérebro encefálico. Quanto mais intoxicante for o alimento, mais barulho e confusão mental teremos. O jejum reestrutura essa percepção. Ao diminuirmos os estímulos que vêm dos alimentos, notamos que nossa mente torna-se mais tranquila, nos tornamos mais seremos e até mais silenciosos. O jejum nos traz mais introspecção. Nesse processo, podemos sentir como se estivéssemos polindo um cristal. E, na verdade, o jejum estimula a produção de novas células nervosas, de células tronco no hipocampo. Ativa os circuitos neurais, os níveis de neurotróficos aumentam, promovendo o crescimento de neurônios, assim como a formação e fortalecimento das sinapses. Logo, melhoramos nossa memória, aumentamos nosso reflexo e respostas a desafios cognitivos ou ligados à motricidade.

6. Desenvolve controle sobre o ego

Nosso ego se apoia muito nas experiências de prazer sensorial, especialmente no prazer do paladar. Todo processo de abstinência de um prazer sensorial nos leva a um patamar  de nutrição do observador, aquele que percebe a expressão do ego, que basicamente mantém seu controle através da constante manipulação dos pensamentos que flutuam entre futuro e passado. No entanto, o observador está sempre no presente, trazendo o indivíduo para a realidade, para o aqui e o agora. Quando nos propomos a jejuar, esse mecanismo responde com grande eficiência. Nos tornamos mais introspectivos, porque estamos observando mais, ouvindo mais e menos compulsivos atrás de estímulos. Ganhamos mais presença ou nos tornamos mais nossa própria presença. Diminuímos essa dinâmica do ego de querer nos levar sempre atrás de mais prazeres sensoriais, de forma insaciável e que muitas vezes trazem grandes prejuízos à nossa saúde física, mental e espiritual, além de interferir negativamente no planeta e em seus outros habitantes.

7. Desenvolve autoconhecimento

Todo trabalho que traz disciplina e promove autossuperação e auto-observação colabora no processo de autoconhecimento, que acontece mediante o autocentramento, trazendo equilíbrio, calma e serenidade, elementos que o jejum faz desabrochar naturalmente, quando o corpo já não está tão intoxicado.

Todo esse trabalho deve estar associado à compreensão de que o desenvolvimento de nosso ser e a elevação da consciência vêm da observação de princípios e valores éticos e espirituais, que se abrigam na renúncia do personagem e não na sua autoafirmação. Se o jejum é praticado como penitência ou mortificação, com o fim de alcançar Deus, ou uma necessidade cega de purificar o corpo de qualquer “sujeira” ou mesmo delinear sua forma por meio da abstenção de alimentos, isso pode incorrer em mania ou distúrbios, o que anulará os benefícios. Sua manutenção desta forma por um longo período pode substituir os ganhos por desestabilidade física e mental, colocando a vida em risco.

O corpo fala, esteja atento aos seus sinais, a tendência é trazer vitalidade, força, clareza, sensação de leveza, de preenchimento, saciedade, alegria. Propício para sentar e meditar, propício para observar a própria respiração. Para a prática do jejum, é bastante recomendado estar junto à natureza, assim elevamos seu potencial.

Por meio desse descanso dos estímulos que lançamos à nossa mente, por meio do que colocamos em nossa boca, se faz possível perceber as orientações que vêm de dentro, do coração, da Consciência; torna-se mais clara a escolha a ser feita no momento da dúvida. Fica mais fácil saber se a escolha é da alma ou do ego! Isso torna a vida mais feliz.