Um homem, ao passar pela floresta, viu uma raposa que perdera as pernas e admirou-se com o fato de, apesar dela estar naquele estado, sobreviver.

Enquanto refletia, apareceu um tigre que trazia, entre os dentes, uma caça fresquinha. Depois de se lambuzar com a refeição, ele deixou o resto da presa ao lado da raposa, para que ela também pudesse se alimentar.

Curioso, o homem resolveu voltar no dia seguinte para ver se o felino se comportava da mesma forma e, sim, presenciou a cena do dia anterior.

tigre

Ele, então, pensou: “Deus nutriu a raposa usando o mesmo tigre.”

Admirado com a bondade do Criador, resolveu se deitar ao lado do animal ferido, na certeza de que – assim como o Pai tinha sido caridoso com ele, também o enviaria o que lhe fosse necessário. Bastaria esperar.

De fato, assim o fez por muitos dias. Mas nada aconteceu. O pobre já estava à beira da morte quando ouviu uma voz que lhe disse: “Estás na trilha do erro. Abre teus olhos e contempla a Verdade! Segue o exemplo do tigre e deixa de imitar a raposa aleijada!”.

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Contou o poeta: Vendo uma menina na rua, tremendo de frio, vestindo apenas um tecido muito fino, esperando que alguém lhe desse uma refeição decente, indaguei Deus: “Como permite essa situação? Por que não faz algo pela criança abandonada?

Deus não me respondeu nada naquele instante, mas – à noite – Ele me disse inesperadamente: “Eu, certamente, já fiz alguma coisa por aquela menina: Eu criei você!”.

 

Estas histórias são da tradição persa. Foram contadas há centenas de anos por sábios sufis e se espalharam pelo mundo por meio da tradição oral.

O sufismo é uma linha mística do islamismo. Seus adeptos sofreram perseguições, ao longo da história, por muçulmanos que acreditavam que eles afrontavam Deus com ideias discordantes ao Alcorão (livro sagrado do Islã). Além das músicas e danças, a poesia sufi se popularizou pelo mundo. Ela servia de instrumento para se conectar a Deus.