Gandhi é um dos principais ícones contemporâneos de resistência a um modo de vida acelerado, consumista, individualista, característico do homem da sociedade atual. Gandhi pregava a volta a um modo de vida simples, utilizando-se dos elementos primordiais da natureza e a prática cotidiana das verdades espirituais universais.
Como ele mesmo dizia e sempre acreditou: “devemos ser a mudança que queremos ver no mundo”. Gandhi procurou ser coerente com seus ideais desde pequeno: quando era ainda um menino e começou a perceber as injustiças no mundo, a discriminação racial e as mentiras que povoavam a sociedade em que vivia, fez uma auto-análise e percebeu que também mentia. Resolveu escrever uma longa carta ao seu pai contando sobre todas as mentiras, não temendo o castigo que viria. Seu pai apenas chorou ao ler a carta.
Para Gandhi, no entanto, essas lágrimas foram muito mais dolorosas do que uma surra. A grandeza de seu pai e de sua mãe (que sempre realizou grandes jejuns como uma forma de purificação e autotransformação) deram a Gandhi a força para que ele resgatasse as bases filosóficas de seu povo e criasse o movimento Satyagraha (Força da Verdade).
Buscando sempre a Verdade, Gandhi foi estudar Direito na Inglaterra e manteve-se fiel aos princípios vegetarianos de seu povo. Como forma de respeito e não-violência para com os nossos irmãos animais, ajudou a formar a primeira Sociedade Vegetariana na Inglaterra, onde, apesar de tímido, começou a desenvolver o dom da oratória.
Devido a sua timidez, ponderava muito suas palavras, o que o ajudou a ter força e assertividade em seu discurso filosófico por toda a vida.
Formado, foi trabalhar na África do Sul, onde pôde confrontar-se ainda mais com a face cruel do preconceito e da desigualdade social, sendo ele mesmo duramente discriminado pela sua pele indiana mais escura.
Tornou-se o advogado dos oprimidos realizando um trabalho revolucionário, incitando toda a população discriminada e dominada pela minoria branca a não ceder a essa subjugação, através de muitas práticas de desobediência civil, sempre associadas ao seu ideal de não-violência. Um dos mais famosos episódios desse período foi a incitação a que os negros, pardos e outras raças não-brancas não portassem, o tempo todo, documento especial que os identificasse (o que não era solicitado à minoria branca). Gandhi conclamou todos os discriminados a participarem de um manifesto público, onde fariam uma fogueira e todos queimariam seus documentos como um símbolo pacífico de demonstração de desobediência civil.
Mesmo sendo duramente agredidos pela polícia repressora da época, Gandhi e seus companheiros foram, um a um, jogar seus documentos na fogueira.
Por sua luta pacífica contra a dominação e os preconceitos, Gandhi passou cerca de 8 anos na prisão, por diversos motivos e situações, desde a África, incluindo sua volta à Índia, onde lutou bravamente junto com seus discípulos diretos – os “satyagrahis” – por uma Índia liberta e justa. Entre seus discípulos encontrava-se sua fiel esposa Kasturbai que, como ele, foi presa inúmeras vezes, combatendo com seu marido as injustiças sociais de seu país natal. Gandhi pregava a “resistência pelo amor e a não-cooperação com as maldades do inimigo.”
Gandhi resgatou aos indianos o uso do tear, proibido pelos britânicos, fazendo ele mesmo seu tecido para usar em uma diminuta veste que cobria seu corpo, o dhoti, renunciando à gravata e ao terno das vestes ocidentais que havia adquirido em sua formação como advogado.
Doou todos os seus bens para uma vida simples em comunidade, junto com sua família, onde aceitavam os chamados párias, a casta dos excluídos da sociedade hindu, o que causou grande comoção em sua época.
Paramahansa Yogananda, grande mestre iogue indiano e um dos melhores amigos espirituais de Gandhi, que lhe concedeu a técnica de meditação da Kriya Yoga, diz a respeito desse grande líder, em seu livro “O Romance com Deus”:
“Gandhi conseguiu acabar com 80% do tráfico de ópio e de bebidas alcoólicas na Índia. Nenhum país deveria lucrar com a depredação de seus cidadãos ao incentivar o uso de drogas e de substâncias intoxicantes. Com seus discursos, Gandhi conseguiu o que nenhum imperador da Índia ou o governo britânico conseguiram com leis.”
”A doutrina de Gandhi de resistir ao mal com a força do amor já provou sua praticidade. Nesta era de máquinas, quando o poder destrutivo do homem ultrapassou, em muito, seus poderes de construção, Gandhi tem a panaceia universal para os males de nosso sistema social.”
“Gandhi não acredita em criar igualdade pela força; em arrancar dos ricos o poder adquirido. Ele crê na renúncia espontânea e na doação altruísta, de coração. Tenta unir pessoas cultivando a fraternidade em seus corações. Prega o amor e prega que as nações se ajudem mutuamente, assim como irmãos carinhosos e prósperos ajudam um irmão desfavorecido.
“O maior triunfo de Gandhi aconteceu quando seu exército sem armas, seu batalhão espiritual, resistiu às ordens dadas pelo governo: não fazer sal e não formar grupos. Testemunhas oculares descreveram como a polícia, armada com cassetetes e metralhadoras, investiu contra as pessoas; como homens corajosos caíram, com o crânio fraturado e o corpo ferido, e se reergueram dizendo: “Podem nos matar, mas não sairemos daqui.”. Em várias ocasiões, os policiais fugiram, abandonando seus instrumentos de guerra, cansados de matar seus irmãos desarmados.”
Yogananda refere-se nesse trecho ao grande movimento que Gandhi iniciou com a histórica “Marcha do Sal”, onde caminhando decididamente por centenas de quilômetros, ao lado de milhares de pessoas que iam engrossando seu pacífico cortejo, foi até o mar e tirou um torrão de sal, contrariando as leis britânicas que impediam os indianos de fabricarem seu próprio sal.
Gandhi, com esse gesto, devolveu a dignidade aquele oprimido povo, mostrando seu exemplo de resistência e coragem.
Gandhi libertou a Índia de seus dois séculos de dominação inglesa com sua determinada ação com base nos princípios da não-violência e essa ideologia inspirou e inspira grandes líderes em todo o mundo, como Martin Luther King, Desmond Tutu, Nelson Mandela, entre outros.
A força da Verdade, cada dia mais, levará à consciência ampliada de todos os seres e a uma revolução comportamental na sociedade humana, onde os princípios da cooperação, do respeito a todos os seres e à Mãe Terra deverão fazer parte do cotidiano da sociedade.
Texto elaborado por Maeve Vida, coordenadora do Programa Omnisciência de Educação para a Paz e autora de vários livros infantis, incluindo “Gandhi, o Herói da Paz”, em co-autoria com Ligia Miragaia.
Bibliografia consultada:
O Romance com Deus: O Romance com Deus é o segundo volume da coletânea de palestras de Paramahansa Yogananda, um dos maiores mestres da ciência da meditação iogue. Tal qual o primeiro volume (A Eterna Busca do Homem), esta obra traz profundas revelações de como a ciência da yoga pode auxiliar o homem contemporâneo a lidar com suas questões cotidianas e existenciais.
Em linguagem simples, Yogananda aprofunda temas importantes como: O Poder ilimitado da mente • A arte iogue de superar a consciência mortal e a morte • Magnetismo: o poder inerente da alma • Por que o mal faz parte da criação divina • Como harmonizar métodos de cura física,mental e espiritual • Os ideais de Mahatma Gandhi • Para onde foram nossos entes queridos? • O potencial desconhecido da memória • Como trabalhar sem fadiga • Como controlar o destino, entre outros.
Saiba mais sobre O Romance com Deus aqui.
Jornada para a Autorrealização: “Jornada para a Autorrealização” é o terceiro volume da coletânea de palestras de Paramahansa Yogananda, um dos maiores mestres da ciência da meditação iogue. Tal qual o primeiro e o segundo volumes (A Eterna Busca do Homem e O Romance com Deus), esta obra traz profundas revelações de como a ciência da Yoga pode auxiliar o homem contemporâneo a lidar com suas questões cotidianas e existenciais.
Veja alguns dos importantes temas abordados por Yogananda: Como expressar a juventude eterna• Negócios, equilíbrio e paz Interior: reequilibrando a semana de trabalho • Exame profundo do nervosismo • A psicologia do melindre • Um mundo unido com Deus como presidente • O caminho da sabedoria para superar o karma • Os verdadeiros sinais de progresso na meditação • Como focalizar o poder da atenção para obter sucesso • Acelerando a evolução humana • Seja um conquistador de corações, entre outros.
Saiba mais sobre Jornada para a Autorrealização aqui.
Autobiografia de um Iogue: Em “Autobiografia de um Iogue”, Paramahansa Yogananda oferece um verdadeiro portal para a compreensão da filosofia indiana narrando sua infância, a peregrinação em busca de seu mestre espiritual, a vida de cada um dos mestres de sua linhagem (Mahavatar Babaji, Lahiri Mahasaya, Sri Yukteswar), a fundação de uma escola baseada nos princípios da ciência da Yoga, sua vinda para a América e uma peregrinação pela Europa e Oriente, onde teve contato com grandes santos e mestres espirituais da época. É também um passo inicial seguro para quem deseja conhecer a ciência da Kriya-Yoga, técnicas científicas avançadas de meditação iogue. Edição completa, editada pela Self-Realization Fellowship, organização espiritual sem fins lucrativos fundada por Paramahansa Yogananda em 1920, com sede internacional nos EUA.
Considerado um best-seller, integrante da lista dos cem maiores livros espirituais já publicados em todo o mundo, é editado há mais de 60 anos, atualmente em quase 30 línguas e é uma das maiores revelações já publicadas no Ocidente sobre as profundezas da mente e do coração hindus e a riqueza espiritual da Ciência da Yoga. Livro de cabeceira de famosos como George Harrison, Steve Jobs, Gilberto Gil, entre outros.
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Gandhi – Autobiografia: Trata-se de mostrar ao público brasileiro uma parte importante – e das mais representativas – da extensa obra escrita desse notável pensador, político e educador indiano. Num momento em que questões relativas à ética, à liberdade, aos direitos humanos, e à exclusão social se tornam desafiadoras e, em muitos países, de solução inadiável, abordá-las é uma tarefa que interessa a todos os setores da sociedade. Conceitos como a não-violência, por exemplo, são detalhadamente apresentados e fundamentados pelo autor. Ao lado da educação e dos trabalhos comunitários, ela surge como instrumento de primeiríssima necessidade para a definição de novos modos de interação humana. Por tudo isso a apresentação desta obra atende a uma necessidade básica, em especial se levarmos em conta que o colonialismo – para cuja abolição Gandhi tanto se empenhou – hoje ressurge sob novas formas e em escala planetária.
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Gandhi, o Herói da Paz (Gandhi para jovens): Como um homem magro e miúdo, sem usar nenhuma arma, consegue libertar um país dominado por quase dois séculos? Como um homem pode ficar 21 dias sem beber ou comer e com isso transformar a vida de milhares de pessoas? Como um homem pode ter a coragem de se despojar de todos os seus pertences e, vestindo apenas um pedaço de tecido branco em volta do quadril, se transformar no maior ícone da paz mundial? Essa é a história de Gandhi.
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