Por: Elizabeth Gershoff, UTNews

Tradução: Blog Cultura da Paz

No parágrafo de abertura do artigo da Universidade do Texas, que é considerada a mais completa análise feita até hoje sobre as consequências associadas à agressão física em crianças, se lê: “Quanto mais as crianças apanham, mais chances elas têm de desafiar seus pais e experienciar comportamento antissocial substance abuse, problemas de saúde mental e dificuldades cognitivas”. A conclusão se deu após 50 anos de pesquisa sobre o tema, desenvolvida por especialistas não só desta Universidade, como também na de Michigan, ambas situadas nos Estados Unidos.

De todos os tópicos parentais que eu escrevo e sobre os quais tento trazer esclarecimentos, bater em crianças é, de longe, um dos mais – senão o mais – controverso deles. As pessoas colocam muita energia para defender o direito de bater em seus filhos. O que elas se esquecem é o impacto que isso causa. As crianças aprendem o que vivem. Se você não consegue controlar sua mão e seu temperamento em momentos de frustração e sensibilidade, então você não deve esperar o mesmo de seus filhos.


Não sabe como criar seu filho(a) sem palmadas? Leia nosso artigo: Afinal, o que é Disciplina Positiva?


Como foi mencionado anteriormente, de acordo com essa pesquisa, “quanto mais as crianças apanham, mais chances elas têm de apresentar problemas de saúde mental. Elas também ficam mais propensas a defender a punição física de seus próprios filhos, o que ressalta uma das principais formas dessa atitude de punição ser passada de geração a geração.”.

Quando eu me posiciono contra bater em crianças, frequentemente ouço o comentário: “Mas olhe para você, você apanhou e ficou tudo bem”. Bom, eu tenho arrepios toda vez que alguém usa a palavra “bem” para justificar ações violentas sendo perpetradas contra seus filhos. “Mas olhe para nós! Estamos todos BEM!”.

EU NÃO ESTOU BEM. Cresci tendo que lidar com ansiedade (problema de saúde mental). Fazer contato visual com outro ser humano pode ser muito desconfortável para mim (antissocial). Eu bati e fui agredida por namorados no passado. Não está tudo bem. Se por bem você quer dizer funcional, em uma sociedade baseada em traumas, então sim, estamos bem. Pessoas também são estupradas e conseguem ter relacionamentos, filhos e ir ao trabalho todos os dias, mas isso não é uma medida de que está tudo bem.

Palmada gera mesma consequência de abuso

Comportamentos que normalmente atribuímos ao que é natural ao ser humano, na verdade não o são. Isso é o resultado de crescer em uma sociedade que promove e defende a parentalidade desconectada.

Pergunte para qualquer pessoa como ela se sente e verá que ela insistirá em dizer “bem!”. Eu posso afirmar, com quase certeza, que ela não está bem. Porque, se você está bem, verdadeiramente bem, então não usa esta palavra para descrever como está. Pense sobre isso.

“Bem” é uma palavra que acomoda. “Bem” é deflexão. “Bem” é “eu estou bem, mas na verdade não estou, e não quero te dizer como eu realmente me sinto, então estou bem.”.

Como disse o sábio: “Não é uma medida de saúde ser bem ajustado em uma sociedade doente”.

Estar bem simplesmente significa que você se adaptou a uma sociedade que primariamente acredita que bater em crianças é aceitável e até uma forma de disciplina necessária. Você não está bem por ter apanhado, nem eu.

Existe uma razão para a punição física ter sido banida em 52 países. Com essa nova pesquisa, nós agora confirmamos o que esses países sempre souberam. Que “punição física está associada às mesmas consequências negativas para a criança que o abuso, com um grau pouquíssimo atenuado.”.

A punição física não tem nada a ver com a criança e tudo a ver com a inabilidade do adulto de arcar com a sensação desconfortável gerada pelo seu filho. Bater é a única forma dele dissipar essa sensação. Bater, reflete a falta de autocontrole. Ele está transmitindo exatamente o contrário daquilo que tenta ensinar ao filho.

Para ler a análise completa dessa pesquisa, clique aqui. E se você não tem capacidade de criar seu filho sem usar força física, por favor, leia os trabalhos de autores como Janet Lansbury e Laura Markham. Por fim, tome responsabilidade por seu próprio estado emocional, mas não desconte nos seus filhos.


Disciplina PositivaDica Omnisciência para ser firme e gentil na educação dos filhos:

Baseada nos trabalhos dos psiquiatras vienenses Alfred Adler e Rudolf Dreikurs, cuja pesquisa na área da infância é extensa, a educadora norte-americana Jane Nelsen publicou o “Disciplina Positiva” – livro sobre esta abordagem socioemocional que apresenta alternativas valiosas aqueles que pretendem exercer a função de pais de modo firme, mas sem perder a ternura.

Conheça:

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Cursos online sobre o tema

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