A Aliança pela Infância comemorou seus 15 anos de trajetória em defesa da criança com uma mesa de reflexões, no dia 25 de outubro passado, em torno dos direitos básicos para uma infância saudável: Aprender, Brincar, Comer, Dormir. O encontro reuniu, no Sesc Santo Amaro, membros do conselho consultivo, representantes dos núcleos da Aliança em todo o País e ong’s parceiras, como o Instituto Mahle que há anos colabora com projetos da ong em todo o Brasil.

O  Sesc deu início às atividades convidando a todos para conhecerem, em suas unidades, o mais recente projeto Espaço de Brincar para crianças de até seis anos, acompanhadas de seus responsáveis, com elementos não estruturados que estimulam o brincar livre, uma das principais bandeiras da Aliança.

Encontro dos 15 anos de Aliança pela Infância

Encontro dos 15 anos de Aliança pela Infância no Sesc Santo Amaro

Para refletir sobre o novo programa –  “ABCD encantado da infância” – estiveram presentes especialistas como a psicóloga Paula Saretta, doutora em educação e coordenadora pedagógica do espaço de brincar Mamusca; Giovana Barbosa, que atua na Aliança desde 2003 e é uma das seis brasileiras indicadas como Global Leaders pelo Fórum Mundial sobre Cuidados e Educação Precoce; Vanessa Acras, especialista em nutrição clínica pediátrica e o médico antroposófico, pesquisador da qualidade do sono em crianças e adolescentes, Derblai Sebben.

Veja algumas de suas colocações:

A de aprender – por Paula Saretta

A de Aprender

Um ambiente afetivo favorável é um ambiente de respeito onde a infância passa de um tempo de preparação para ser olhada como um tempo em si. A criança é respeitada em sua individualidade, sobretudo naquilo que sente. É importante nessa fase, inclusive, nomear aquilo que sente (junto dela ou sozinha), discriminar esses sentimentos e auxiliá-la no desenvolvimento do autocontrole oferecendo um espaço de escuta generoso e amoroso. O aprendizado é o entrelaçamento entre o pensar e o sentir. Quais serão as marcas afetivas que estamos deixando nas crianças?

B de brincar – por Giovana Barbosa

B de brincar

De que brincar estamos falando? É preciso ressignificar ou acordar aquilo que está na alma. Para isso, conectar-se ao simples, um lugar onde tudo vira brincadeira e descobertas. Atentar ao ritmo da criança é respeitá-la em sua singularidade e construir um espaço de confiança. O bebê nasce tendo a certeza de que será cuidado e o brincar pode passar pelo comer, assim como acompanha o dormir e está presente no processo de aprendizagem. Essa é a proposta da Aliança. Levar às famílias a importância desse período na rotina das crianças: um tempo dedicado ao brincar livre, na sua aplicação mais simples – destituído de tecnologia e outras interferências que podem levar ao consumismo e a uma desconexão dos pequenos com a sua essência. A Aliança reconhece as crianças como cidadãs que precisam de adultos que lutem para que possam ter espaços para brincar.

C de comer – por Vanessa Acras

Criança comendo

Comer, no dicionário, é levar o alimento à boca, mastigar e engolir. Mas será que é só isso? E o comer emocional? E a memória afetiva, que muitas vezes nos leva a um gostoso período da infância no qual dividíamos a mesa com pessoas amadas? Falar de alimentação é resgatar isso. O alimento, em sua forma natural, e a afetividade que envolve a nutrição de cada um. Nas crianças, é preciso introduzir mais os alimentos naturais, estimulá-las a descascar e não a desembalar e – sobretudo – levá-las à cozinha para que acompanhem o preparo da refeição. Até os dois anos de idade, 80% dos hábitos alimentares são consolidados. Para Vanessa, a culinária deveria ser incluída na grade escolar.

D de dormir – Derblai Sebben

Shantala em bebê dormindo

É durante o sono que os neurônios são regenerados e tornam-se aptos ao aprendizado. Se eu durmo melhor, também olho melhor para o outro. Trabalhar a qualidade do sono das crianças desde cedo é importante. De que maneira? Cada um deve ter um ritual nesse momento, que pode ser bem simples: ler um livro, contar uma história ou o que cada família possa fazer, longe dos eletrônicos, preparando um ambiente calmo e tranquilo. Para todos, no entanto, é imprescindível o silêncio e o escuro. É muito mais fácil fazê-las dormir por volta das 18h, 19h – quando há uma queda na adrenalina – do que às 21h, 22h.

Uma criança sente-se bem quando há ritmo (hora para cada atividade). A massagem, por exemplo, que acalma o medo e é uma linda demonstração de afeto, é sempre recomendada. Mas, não se esqueça: o adulto também deve serenar para que a criança durma em paz.

Vida longa a Aliança!


Site da Aliança pela Infância: http://aliancapelainfancia.org.br/

Espaço de Brincar / SESC: http://www.sescsp.org.br/programacao/83159_ESPACO+DE+BRINCAR


Mais sobre os palestrantes:

Paula Saretta – Psicóloga, doutora em Educação pela Unicamp, mestre em Psicologia Escolar pela PUC-Campinas e aperfeiçoada em Queixa Escolar pela USP. Atua como formadora de professores e consultora em Educação e Psicologia. É fundadora do site/blog Ouvindo Crianças e coordenadora pedagógica do espaço de brincar Mamusca (http://mamusca.com.br/home/).

 Giovana Barbosa – Relações Públicas graduada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), Giovana atua na Aliança pela Infância desde 2003 e também é membro do Conselho Internacional da Alliance for Childhood. Fez parte do Grupo Gestor da Rede Nacional Primeira Infância (RNPI), de 2009 a 2013, e é uma das seis brasileiras indicadas como Global Leaders pelo Fórum Mundial sobre Cuidados e Educação Precoce.

Vanessa Acras – Especialista em nutrição clínica pediátrica pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Vanessa trabalha há cinco anos no Centro de Recuperação e Educação Nutricional (CREN), em São Paulo, realizando trabalho de campo em comunidades em situação de vulnerabilidade social e atuando na formação de equipes de saúde da família e centros de educação infantil.

Derblai Sebben – Médico Antroposófico. Formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, estudou Ritmos Biológicos na Universidade de São Paulo e Medicina do Sono na Universidade Federal de São Paulo. Pesquisa a qualidade do sono em crianças e adolescentes. Atualmente clinica na Casa 44.