Certa vez, o Rei Milinda perguntou a Bhiksu Nagasena: “Seus olhos são na realidade você?”

Bhiksu Nagasena respondeu:

“Não!”

“E seu nariz é você?”

“Não!”

“A língua é você?”

“Não!”

“Então significa que seu corpo é na realidade você?”

“Não, respondeu Nagasena, a existência do corpo é só uma combinação ilusória”

“Então a mente deve ser real…”

“Também não é”

O Rei Milinda aborreceu-se e perguntou novamente:

“Bem, se os olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e pensamentos não são você, então me diga, onde está seu verdadeiro ego?”

Bhiksu Nagasena sorriu maliciosamente e respondeu com algumas perguntas:

“A janela é a casa?”

O Rei foi surpreendido e lutou para responder:

“Não!”

“E a porta?”

“Não!”

“Os tijolos e azulejos são a casa?”

“Não!”

“E a mobília e os pilares?”

“Não, claro que não”

Bhiksu Nagasena sorriu e perguntou:

“Se a janela, a porta, os tijolos, os azulejos, a mobília e os pilares não são a casa, então onde está a casa real?”

O Rei Milinda finalmente compreendeu que a causa, condições e efeitos não podem ser separados, nem tão pouco compreendidos por uma visão pré-concebida e parcial.

Uma casa só pode ser construída a partir da existência de muitas condições.

Se conhecemos a lei da causa e efeito, se acreditamos na sua existência, plantaremos boas causas em vários lugares e cultivaremos condições vantajosas o tempo todo.

Com isso nossas vidas percorrerão um caminho homogêneo, repleto de sucesso.

Esse verso fala sobre isso:

“Se o indivíduo compreende

A lei de causa e efeito,

Será capaz de encontrar a primavera

Em meio à geada do outono e à neve do inverno”


*Conto extraído do livro “Ch’na Tao – Essência da Meditação”, de: Jou Eeel Jia, Norvan Martino Leite e Lilian Fumie Takeda